Mais uma semana diferente de outras
– A pandemia de Covid continua, os casos estão a aumentar diariamente, mas o assunto parece já não preocupar as televisões e outros;
– A nível local, por decisão do governo, mesmo contra muitas autarquias locais, que têm muitas dúvidas e más experiências com as transferências de verbas do Estado, os edifícios e os funcionários das escolas vão ser transferidos para os municípios a partir de Abril. No caso de Évora, temos escolas onde é necessário muito investimento para recuperar, como seja o caso da Escola de S. Clara, a necessitar de uma verba de três milhões de euros ou a Escola Secundária André de Gouveia, onde se prevê uma verba um pouco menor, mas substancial. Nada ainda está garantido em concreto. Quanto às escolas secundárias Severim de Faria e Gabriel Pereira, o governo do tempo de José Sócrates entregou-as à Parque Escolar e aí ficarão;
– O preço dos combustíveis aumenta em progressão acelerada, com grandes repercussões na inflação. Mas, ao contrário do que alguns nos querem fazer crer, não é só por causa da guerra, até porque continua a chegar petróleo e gás da Rússia e de outros lados. Ainda há dias chegou um navio russo com gás ao porto de Sines. E, se houvesse falta de petróleo, bastaria afrouxar o boicote ao Irão e Venezuela e reconstruir o que foi bombardeado no Iraque, na Síria ou na Líbia. Há quem ganhe muito com a especulação, à conta dos do costume;
– E por falar em petróleo, gás e boicotes, convém ler o que foi aprovado no Parlamento Europeu em relação à guerra da Ucrânia. Não é só uma condenação, é praticamente uma declaração de guerra, em que há sanções a todos os níveis, um bloqueio total da economia. Até sobre a liberdade de informação, isto é, decidiu-se também a censura, como se os cidadãos fossem uns seres a infantilizar, apenas se permitindo uma versão da propaganda. Foram votados 46 pontos, apelos e decisões sobre o rearmamento, com aumentos substanciais dos orçamentos militares, crescimento da NATO, considerada como uma defensora da democracia, embora faltem as provas, seja na Turquia, na Jugoslávia, etc., Também chantagem com a Sérvia e a China. Tempos de guerra, em que uns são carne de canhão e outros mais confortados decidem quem é que deve combater e sofrer (ucranianos de várias línguas, russos e outros). Até os desportistas, mesmo os atletas paralímpicos, músicos … são impedidos de participar. Só o petróleo e o gás importados não fazem parte das sanções do Parlamento Europeu. Há que ler atentamente estas decisões, até porque também nos atingem;
– Os refugiados continuam em massa, uns passam pela Polónia e Hungria, Moldova, até chegarem a outros países da União Europeia ou também à Rússia. Um drama em que se deveria ter mais em conta os direitos humanos e menos interesses mediáticos imediatos;
E como esta semana também foi o Dia da Mulher, lembremos que há uma longa luta pelos direitos e que estes têm que ser conquistados no dia a dia e sempre lembrados, porque há recuos frequentemente, como no Afeganistão, abandonado e entregue a fundamentalistas. Lembremos também que esta data foi proposta por mulheres da ala revolucionária do Partido Social-Democrata Alemão em 1910, por Clara Zetkin e Rosa Luxemburgo. Ambas foram presas durante a Grande Guerra por defenderem a paz, contra os poderes dominantes, mesmo do seu próprio partido. Rosa Luxemburgo foi assassinada e o seu corpo deitado para o rio, em 1919, por milícias armadas toleradas e usadas, os “Freikorps”, a génese das SA e SS, sendo presidente Friederich Herbert, que hoje tem o nome numa fundação.
É tempo de pensar na Paz!
(Crónica semanal na Rádio Diana, dia 10 de março de 2022)